sábado, março 11, 2006

Os Três Enterros de um Homem

Aparentemente, Tommy Lee Jones apanhou o síndroma "Clint Eastwood" (que ultimamente contagiou mais uns quantos, entre eles George Clooney) e, como ele, decidiu passar para o lado de trás da câmara.

E chamou desde logo a atenção em Cannes, onde conquistou os prémios de Melhor Argumento e Melhor Actor. É de facto uma excelente estreia esta. Mais uma vez à imagem de vários filmes de Clint Eastwood, conta a história de um homem simples que valoriza a honra, a lealdade e a amizade acima de tudo.

"The Three Burials of Melquiades Estrada", no original, fala de um emigrante ilegal mexicano que é encontrado morto no deserto Texano. Em sucessivos flashbacks, ficamos a saber que Pete Perkins, o seu melhor (único?) amigo, que o tinha acolhido e protegido, lhe tinha prometido em vida que, caso alguma coisa lhe acontecesse, o levaria para junto da família, para ser enterrado na sua terra natal.

Como as promessas são para se cumprir, e perante a inacção das autoridades locais, Pete descobre o assassino de Melquiades e obriga-o a transportar o corpo de regresso a casa, numa viagem repleta de peripécias e em sentido contrário àquele que as autoridades americanas de controlo da fronteira estão acostumadas a impedir.

Verdadeiramente bonito e com excelentes actuações de Barry Pepper, que representa o assassino de Melquiades, e do próprio Tommy Lee Jones.

Site oficial: http://www.sonyclassics.com/threeburials/

Restaurante do Hotel Zenit Lisboa

Abriu há pouco em Lisboa o Hotel Zenit, resultado da recuperação, por um grupo hoteleiro espanhol, de um belo prédio de traça antiga que já arriscava a ruína completa, ali na 5 de Outubro.
E a boa surpresa deste hotel, para além da excelente renovação, é mesmo o seu restaurante.
Primeiro, a decoração. Moderna e de excelente gosto, extremamente elegante, confortável e acolhedora (a lembrar o LA Caffé). Sentimo-nos num restaurante de gama superior, o que faz sentido se considerarmos que o Zenit é um 4 Estrelas. O único senão é não ter janelas para o exterior, mas a luz e as cores escolhidas fazem facilmente esquecer esse ponto.
Depois, o serviço. Atencioso, muito simpático, e profissional sem ser intrusivo.
E o que verdadeiramente interessa: a comida. A Zenit decidiu importar de Espanha o conceito de Menu, bastante habitual entre os nossos vizinhos à hora de almoço. Ou seja, por um preço fixo, neste caso apenas 12 Euros, escolhemos uma refeição completa - Primeiro Prato, Segundo e Sobremesa - a partir de 15 opções possíveis: 5 Primeiros, 5 Segundos e 5 Sobremesas. Só as bebidas, incluindo café, são pagas à parte.
Nesta primeira visita (e sem dúvida hão-de seguir-se outras) escolheram-se para Primeiros Pratos um Risotto com Mascarpone e uns Espargos Salteados com Tomate. O Risotto estava simplesmente espectacular e os Espargos estavam impecávelmente temperados e "al dente".
Como Segundos, escolheram-se uma Massada de Peixe e Tamboril com Presunto, mais uma vez em grande nível. Tudo muito fresco e saboroso, e sempre com uma espantosa apresentação.
Finalmente, as sobremesas, que foram um autêntico remate à baliza. Porque demorava uns 20 minutinhos a preparar, pediu-se desde logo um Souflé de Chocolate que depois se acompanhou com uma Tarte de Queijo com Caramelo. Estavam ambas deliciosas e só não se comeram com maior prazer porque os estômagos já estavam no limite das respectivas capacidades.
Ou seja, estamos a falar de cozinha de nível muito alto, em porções normais, com uma apresentação digna de um qualquer restaurante Gourmet, a preços praticamente iguais aos praticados pelos restaurantes populares da mesma zona. Conclusão: uma pechincha!
E à noite? Bom, não sei. Mas não me admirava que custasse o dobro ou o triplo. Confesso que nem sequer olhei para a Ementa normal, pois as escolhas do Menu eram mais do que atraentes.
Morada: Av. 5 de Outubro, 11 (mesmo junto à Maternidade Alfredo da Costa)

domingo, março 05, 2006

Milho Rei

Nova sugestão para um retiro gastronómico, daqueles que felizmente ainda vamos encontrando por esse Portugal, muito especialmente no Norte do país.

Comida caseira, baseada em receitas tradicionais mas com alguns retoques para as ajustar aos tempos. E preços simpáticos para porções generosas. Ou melhor, MUITO generosas! Sim, que estamos em terra de gente de trabalho...

O restaurante em causa chama-se Milho Rei e fica em Amares, mais ou menos a meio caminho entre Braga e o Gerês.

As instalações são simpáticas, renovadas e até um pouco elegantes, mas mantendo aquele ar confortável e amigável, como que dizendo que todos são bem-vindos.

Clientela diversa, com muita gente jovem e muitos com ar de habituais. Como há espaço, é bom para grupos, até de alguma dimensão, como acontecia no dia da segunda visita.

Foram provados no primeiro dia o Bacalhau com Broa e o Cabrito Assado no Forno, ambos simplesmente fabulosos e companhados por belas batatas a murro e por uns grelos temperados com mestria. O bacalhau era de excelente qualidade e chegava quase ao nível daquela que é a referência absoluta para este prato - o Restaurante do Hotel Camelo, em Seia.

Em qualquer dos casos, estamos a falar de meias-doses que alimentariam perfeitamente duas pessoas, mas nós não sabíamos, pelo que saímos do local a rebolar, tornando inclusive impossível provar qualquer das sobremesas que tão bom aspecto tinham.

As entradinhas, que também merecem referência, eram muito simpáticas, tendo sido provados uns carnudos mexilhões e o paté de atum.

No dia seguinte, e repetindo o erro do dia anterior, foi pedida uma dose de Posta Mirandesa que (curiosamente denominada de "Falsa" na conta entregue!?) era perfeitamente gigantesca! Devia ser quase 1 Kilograma de carne, aquilo que nos serviram. E da melhor: 4 centímetros de altura, cozinhada no ponto certo, com um molho ligeiramente avinagrado e as belas das batatinhas e dos grelos que tão boa conta tinham dado de si na véspera. Resultado: foi impossível acabar a dita dose e as sobremesas mais uma vez foram dispensadas.

Conclusão: comida como as nossas avós faziam, para estômagos com a devida elasticidade. Serviço simpático. O preço médio deverá rondar os 12,50 Euros por pessoa, sem vinho.

Mais informação em: http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/desenvReg.asp?reg=330663