domingo, janeiro 08, 2006

Desgraça

Neste excelente romance de J.M. Coetzee, a figura central é um professor universitário na Cidade do Cabo, já entrado nos cinquentas que, depois de dois divórcios, continua a acumular casos amorosos (ou melhor, sexuais).
Até que se envolve com uma das suas alunas que, depois de uma cumplicidade inicial, acaba por acusá-lo de assédio sexual.
Quando a sua demissão se torna inevitável, David Lurie (é este o seu nome) refugia-se na quinta da filha, isolada no fim do mundo que é o interior Sul-Africano.
Aqui, onde ele pensava que poderia descansar, ler, escrever e reavaliar a sua forma de estar na vida, acaba por se afundar cada vez mais, numa sucessão de acontecimentos que infelizmente descreve da pior forma o que é hoje a sociedade daquele país.
As descrições são fabulosas, quase cinematográficas, e as cenas muito fortes, mais ainda por causa dessa capacidade de nos fazer sentir que estamos lá, a assistir a tudo o que se passa.
Com este livro, Coetzee ganhou o Booker Prize de 1999 (o segundo da sua carreira) e reforçou o estatuto que o projectou para o Nobel da Literatura, com que foi laureado em 2003.
É seguramente um homem particular e multifacetado: graduou-se simultaneamente e com distinção em duas áreas bastante diversas - em Inglês e em Matemática - e iniciou a sua carreira como Programador Informático, ao mesmo tempo que preparava a sua tese sobre um romancista Inglês.
Do Editor: "Desgraça é o retrato de uma nova África do Sul e dos seus também novos problemas, um retrato que, em última análise, nos fala da beleza e do amor. Um romance inteligente, fértil, calmo e brutal que confirma Coetzee como um dos grandes romancistas do nosso tempo."

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