quinta-feira, setembro 15, 2005

Idealismo = Radicalismo?

Vem este post a propósito de dois filmes actualmente em exibição nas salas: "Águas Silenciosas" (no original, «Khamosh Pani») e "Os Edukadores" (Die Fetten Jahre sind vorbei). Ambos contam histórias de gente normal que perde o seu rumo ao perseguir ideais.
Águas Silenciosas é um filme paquistanês que revela uma grande sensibilidade e coragem. Película intensa, que retrata a falta de tolerância e a segregação manifestada no Paquistão, entre muçulmanos e hindus, após a divisão do sub-continente indiano nos dois estados: Índia e Paquistão.
O filme fala da história de uma mulher hindu, Ayesha, obrigada a converter-se ao Islão no ano de 1947 (aquando da formação do estado do Paquistão) e do seu filho Saleem, cuja existência e rotina irá ser perturbada pela instauração da lei marcial decretada pelo presidente paquistanês em 1979.
Na sequência desta lei, o país começa a encaminhar-se aceleradamente para a islamização. Grupos de fundamentalistas islâmicos começam a impor regras e valores que primam pela falta de tolerância na pequena e outrora pacata aldeia paquistanesa da região do Punjab (na fronteira com a índia). Saleem é “recrutado” por um destes grupos, começando a pôr em causa o seu modo de vida, o seu amor e amizades, acabando por confrontar a sua própria mãe e raízes.
Vivamente recomendado!
Quanto a"Os Edukadores": com diálogos mais pesados e menos sofisticado, não é um filme que envolva e apaixone como "Águas Silenciosas". Conta a história de três jovens alemães, unidos no seu desejo de mudar o mundo.
Do seu ponto de vista, este está dominado por um sistema materialista promotor da desigualdade e exploração social, e eles pretendem ser a "semente" de um movimento que virá alterar o estado das coisas.
Dedicam por isso o seu tempo a invadir casas abastadas, com o propósito único de perturbar a existência privilegiada daqueles que "governam" e mantém em funcionamento o sistema. Até ao dia em que as coisas não correm como planeado.
Se a história é potencialmente interessante, o filme é como as ideias deles: a preto e branco. Ou seja, os "bons" são sempre bons e o "mau" será sempre mau - não fiquem margens para dúvidas!
No final, interessante q.b.
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